26 de fevereiro de 2010

Te amo pra sempre (até amanhã)

O ano era 2006. Segundo o meu RG eu não tinha muito mais do que doze anos, mas no orkut eu tinha mais de 600 amigos, meu livro de visitas do fotolog sempre estava lotado de comentários de pessoas que me adoravam, mesmo sem saber a minha idade, os meus gostos ou do meu amor eterno por sorvete de flocos. É, todo mundo me amava! Então por que será que foi o ano mais triste da minha vida? Será que o amor de tantas dessas pessoas não conseguia se materializar fora da tela do computador? 
Dessas dezenas de pessoas que me amavam, eu posso falar o nome de dez ou quinze que ainda mantém o mesmo contato, que realmente fazem a diferença, que fazem com que eu acredite naquelas três palavras tão banalizadas. Se todo mundo que dissesse que me ama realmente me amasse, eu provavelmente já estaria no comando do país, e não numa escola tradicional de uma cidade minúscula estudando fórmulas ridiculamente complicadas.
Acho que entendo esse pessoal, sabe. Já passei por essa fase. Afinal, em um mundo tão necessitado de sentimento, não seria mais fácil pegar um desconhecido e transformá-lo no amor da minha vida? Seria. E por isso que não o faço: é muito melhor conquistar o afeto de alguém que realmente merece a sua consideração do que sair gritando pelos 4 cantos do mundo (ou pelo fotolog, orkut, twitter, formspring...) que o fulano de tal é seu BEST e que você o ama mais que tudo quando você nem vai se lembrar dele daqui a dois anos. A internet aproxima as pessoas, mas às vezes, essa aproximação é tão verdadeira e duradoura quanto uma bolsa Prada de camelô. Amor que é amor não acaba; pode se modificar, se transformar num relacionamento mais frio, numa amizade mais distante, mas continua lá, guardado e pronto para ser usado - não pronto para usar alguém. Amor não se apaga como se apaga um comentário em um link qualquer do cyberespaço. 
Falando nisso, abri as guias do meu navegador agora. Em uma janela, estou vendo meu segundo fotolog, de 2007, cheio de comentários adoráveis de terceiranistas que hoje torcem o nariz ao me ver passando no corredor. Não, eu não fiz nada para elas. Não, elas não fizeram nada para mim. Excluí a conta, apenas isso. E nós, que achávamos que arrobas e abreviações eram o bastante para amar alguém nos "distanciamos" mesmo estudando a poucos metros de distância. Quando fiz outro compartilhador de fotos, os comentários das mesmas meninas que me amavam pra sempre, minhas supostas bffs, passaram a ser "foto linda, passa no meu?". 
Na outra guia, o orkut está aberto, e a prima de um colega meu que diz gostar muito das minhas fotos assina um depoimento com "Te amo muito, Bea linda!". Ok, sou humana, adoro que me elogiem... Mas o máximo de contato além-internet que eu tive com essa menina foi um "Oi, você tem visto o fulano?" totalmente desanimado e sem graça. Eu poderia ter dado mil abraços e feito declarações de amor afirmando o quanto "você é especial mesmo com pouco tempo vulgo 10 minutos de convivência", mas preferi apenas responder com um sorriso. Porque gestos pequenos se transformam em amor, não o contrário. As palavras nunca devem ultrapassar os sentimentos, e sim expressá-los. O sentimento de verdade apenas se sente, não dá pra recusar, aceitar ou deixar pendente. Não dá pra excluir o amor da sua comunidade do orkut ou ignorar a reply da amizade. Pelo menos, não com apenas um clique.
Sou a favor do "adoro seu jeito de sorrir", do "você é muito engraçado", do "eu adoro sair com você"... Usar um "eu te amo" no lugar dessas verdades faz tudo parecer mais simples e ao mesmo tempo mais completo, mas descobrir que o "eu te amo" na verdade é um "eu queria te pegar"?
Ah, me chame de antiquada, mas eu prefiro um amor real que acaba comigo ao amor cor-de-rosa que simplesmente não existe. Sim, aquele sentimento monstruoso que me faz reclamar aqui o tempo todo é um dos dois únicos tipos do amor que eu costumo considerar pra levar pro resto da vida. O segundo, pra ser mais clara.
Porque em primeiro lugar, é claro, vem o meu amor por sorvete de flocos.

20 de fevereiro de 2010

Hometown glory

Eu tinha planejado só postar em março, só pra bancar a chata que sempre sou e dizer que fevereiro foi um tédio, ou bancar a CDF e dizer que passei o mês estudando... Bem, em primeiro lugar, não aconteceu nada disso. Em segundo, por mais que eu planeje as coisas, elas nunca saem do jeito que quero... E quem sou eu para frear meu desejo de escrever? Não tenho independência em muitos setores, então quando me dá vontade, não posso reprimir meus dedos de esmagarem as teclas do notebook, né? 
Enfim. Não vou falar do mês detalhadamente, até porque esse blog nunca foi exatamente um "Querido diário, hoje o fulano disse que me ama e fomos tomar sorvete!", e sim um "Puta merda, acabei de perceber que meu affair prefere jogar colheita feliz do que sair comigo" ou um "Hoje não quero conversa, morram, mas leiam isso aqui antes".
Não sei se já reclamei falei disso aqui, mas o meu janeiro foi lastimável. Horas improdutivas (vide: sem postar) em frente à uma tela fria e sem ninguém, já que todo mundo resolveu ser praieiro, solteiro e o que mais as cidades de veraneio permitissem. Prometi a mim mesma que tiraria o atraso no resto do ano, fazendo o que eu mais gosto e sei fazer: errar. Fazer besteira. Me arrepender. E depois vir contar tudo em desabafos cheios de expressões chulas e sarcásticas aqui. Ai, liberdade de expressão é tudo!
Pontos memoráveis dos últimos meses: um garoto passageiro do tipo bonitinho mas ordinário, um outro nem um pouco ordinário :), nenhuma vodka, a perda terrível que foi a morte do McQueen e uma viagem de última hora pra Fortaleza, que é onde estou agora, lamentando o fato de não ter ido na Galeria do Rock e surtando por ter feito outras mil coisas. Conheci pessoas incríveis, revi outras tão incríveis quanto, me apaixonei por alguns pares de sapatos, empobreci minha mãe, engordei alguns quilos com junkie food e faria tudo em dobro. (O melhor de sair de suas origens é quando você retorna... Odeio multidão, mas aqui até isso me parece bonito! Ok, chega de bancar A Filha Pródiga.) 
E o resto? Ah, o resto só o tempo dirá... 
Aliás, eu mesma direi, assim que terminar de arrumar as malas, dormir, passar 11h num carro, chegar em casa, dormir mais e organizar minhas ideias. Porque às vezes tudo o que a gente precisa é de um tempo longe. 

E eu, meus queridos, tive o que precisava:

Não me segurem, não me pressionem, e, por favor, me amem. Estou de volta. Ou vocês acharam que eu já tinha reclamado o bastante?


Ei, universo, obrigada. Continue colaborando... Apesar dos contratempos, estamos nos dando bem!