12 de abril de 2010

Backstage

Quando eu tinha uns 10 anos, achava que Kiss era uma banda interessante. Não a melhor do mundo, nem de longe a pior... Interessante, apenas. Eu escutava Pink, boybands de um hit só, e, quando meus ouvidos davam sorte, uns cds dos Beatles da minha mãe. Nada de rock 'n' roll all night and party everyday. Nenhum sinal do Kiss. Eles eram apenas uns caras peludos usando calças apertadas e botas plataforma. Tipo aquele travesti da rua de baixo, mas com instrumentos incríveis. Hoje, vejo o Kiss como uma das maiores bandas de toda a história. O que me fez mudar de opinião? Um DVD, intitulado "The Second Coming", que comprei por cinco reais em uma dessas megastores.
O DVD é dividido em show e documentário. A parte do show é aquela minha primeira impressão sendo confirmada: uns malucos espalhafatosos fazendo róquenrôu do velho e do bom. A parte documentário fala sobre a turnê que marcou o retorno da banda após 17 anos separados, em 1996 e 1997. Gente, conta comigo: dezessete anos. Mais de seis mil dias. O tempo que eu tô na terra e mais uns trocados. É tempo pra PORRA. Mas lá foram os quatro loucos tentar lotar arena de novo em tudo quanto é canto do mundo. Conseguiram.
Acho que deveria se chamar The Second Chance. Aquela turnê foi um pedido de desculpas aos fãs. Foi um "vocês tem razão, nascemos para a música, desculpe se duvidamos disso". Mas tem o lance do sucesso da coisa. Se os fãs não os tivessem perdoado, não seria um retorno, e sim um fracasso.
De uma forma extremamente maquiada, o Kiss me ensinou algo essencial. É necessário dar a cara a tapa, a volta por cima. The show must go on. The show WILL go on, com ou sem você. E é preciso escolher que seja com. Pode parecer difícil, mas sempre haverá alguém por perto. Mesmo que não sejam milhares de pessoas gritando num estádio, sempre haverá alguém por você. O Kiss se reergueu sendo apenas o Kiss. E de salto alto.
Obrigada à todos que têm lotado essa arena bizarra que tem sido a minha vida. Só eu sei o quanto é maçante continuar "em turnê".
Vejo vocês no camarim, porque aqui, no backstage, ainda tem muito a ser feito. 
E o show não para.
Nunca.


Considerem esse texto minha second coming
E pra quem é louco não sabe a história da banda, aqui um pouco sobre eles.