31 de dezembro de 2009

Don't cry for me, 2009!


 "Então esse é o ano novo e não tenho nenhuma resolução

Para penas assinadas por mim mesmo

Para problemas com soluções fáceis

Então todos coloquem suas melhores roupas! Vamos fazer de conta que somos ricos só por hoje
Fogos de artifício na varanda da frente 
E trinta diálogos enfiados em um só"
(The New Year - Death Cab For Cutie)












Olha, se tem uma coisa que eu não entendo é Reveillón. Todo mundo sem dinheiro e enchendo a cara pra esquecer o que aconteceu de ruim no ano que se passou. Mas hoje, diferentemente do meu clima nada natalino Papai-Noel-Vou-Quebrar-Seu-Trenó, eu não estou deprimida ou entediada; no mínimo, me bate uma angústia. Começo a pensar no ano que está acabando, penso em janeiro, nas férias de verão, em fevereiro, volta às aulas, em março... Tá, chegando em maio já me sinto nauseada e começo a fazer planos pro ano que se aproxima. Perto das doze badaladas eu começo a pensar: Do que, afinal de contas, eu vou realmente me lembrar? O que mudou minha vida esse ano? Ok. Here we go.
Em 2009, as coisas não saíram como o planejado. Pra todo mundo, imagino. Nunca saem. Talvez por isso esse tenha sido o ano mais intenso da minha vida - tanto no sentido ruim quanto no bom. Recuperei algumas amizades, fortaleci outras, fui a shows incríveis de algumas das bandas mais AFUDÊ (Simple Plan, Cachorro Grande, Nação Zumbi, Retrofoguetes, FRESNO...) com pessoas não menos do que fantásticas, adquiri alguma confiança em mim e nenhuma no mundo... É, foi um ano memorável. Certo, eu me decepcionei com muita gente. Mas eu também conheci pessoas maravilhosas que eu pretendo levar comigo, se não pro resto da vida, por muito tempo. É verdade que eu me dei mal mais vezes do que posso contar. Mas eu aprendi muito. E ainda me diverti pra caramba sendo a má influência das gurias.




Algumas lições aprendidas em 2009 (afinal, seria injusto me ferrar tanto sem retorno):

- Não importa o quanto você ame uma pessoa e ela ame você. Vocês ainda assim vão arranjar um jeito de machucar um ao outro.

- Algumas coisas nunca mudam, mas algumas mudam pra sempre. Estranhos podem se tornar melhores amigos e melhores amigos podem se tornar estranhos.
- Não desista do que você quer. Se você cresceu escutando Simple Plan e SP vai fazer um show à 200km de você, você VAI. Não importa o quanto o seu melhor amigo diz que você está acabando com seu bom gosto. Afinal, seu melhor amigo é rubro-negro.
- Não seja abduzido pelo cinema. Não fale coisas bonitas pra pessoas que não merecem só porque, em um roteiro, ficaria lindo. Ou porque você assistiu Closer muitas vezes e está se achando a própria Alice. Lembre-se que a Alice sempre é a avoada da história.

- Mais uma vez: não desista do que você quer. Se você passa por tudo quanto é loucura pra ver a peça do seu ator favorito, não é um bando de atrizes de terceira e um segurança de merda que vão te impedir de abraçá-lo e gaguejar como uma idiota na frente dele, oras!
- Por favor, se o seu amigo que te ama e te quer bem diz que um cara não presta, acredite nele.

- Já que tu não acreditou, porra, aproveita o guri. Mas não esquece: vai dar em merda.
- Não misture vodka com vinho porque o cara que você gosta não sabe misturar amor com responsabilidade.
- Alguns fantasmas sempre voltam. Cabe a você mandá-los de volta ao seu lugar de origem, você sabe... LÁ.
- Pronto, idiota. Você se envolveu tanto com casinhos e rock 'n' roll all night and party every day que esqueceu de estudar. Nada de estrago, nada de saída, nada de nada. Mas não se preocupe: recuperação is the new black!

Eu não lembro tudo o que aconteceu em algumas ocasiões, o que nos leva a...
- Fique longe de vodka. Já ouviu falar de apagão pós festa? Então.

- Se você quiser ficar perto da vodka, procure ficar perto de pelo menos A) um sanitário B) um amigo que saiba como segurar a sua franja sem bagunçá-la C) uma balinha de menta, porque vômito não é a coisa mais agrádavel ao paladar, sabe.

Pra finalizar eu poderia desejar festas insanas, dinheiro e que o seu time ganhe a Copa do Brasil. Mas não vou. Primeiro porque, se você for algum fulano de quem eu realmente não gosto, seria hipocrisia desejar que você ganhe na mega-sena e eu continue na merda. Segundo, porque se o seu time não for o Corinthians, eu realmente espero que ele perca. E sabe do que mais? Eu só desejo paz, amor e saúde. É o clichê, mas é o mais importante. O resto a gente corre atrás. Agradeço a quem me fez sorrir ao menos uma vez durante esse ano e peço desculpas se fiz alguém chorar. Você, que fez meu 2009 valer a pena de alguma forma, fica ligado. Se me abandonar em 2010, vai rolar um boxe!

Continuem bonitos. Porque 2010 vai ser o ano do estrago! :)



PS: A todos os fãs do "The Rev", baterista do Avenged Sevenfold, que faleceu essa semana devido a causas ainda desconhecidas, deixando o mundo da música e milhares de fãs órfãos- 'Cause everybody's gotta die sometime, we fell apart, let's make a new start 'cause everybody's gotta die sometime, yeah, but baby don't cry... (L)

28 de dezembro de 2009

O outono chegou mais cedo

- Um pré-texto pra você:
Hoje não é sexta-feira. É meia-noite e quarenta e cinco, não meio-dia e quarenta e cinco. Minha recuperação já acabou e o verão tirou férias, porque tá um friozinho dos céus. Mas o texto foi vomitado há alguns dias e, como não é raro eu me sentir deslocada assim, resolvi postar aqui.


Hoje é sexta-feira. São 12h45 e já estamos praticamente no meio de dezembro. Eu deveria estar de férias, mas não estou. É incrível como sempre deixo tudo pra última hora, quando quase já não há mais esperanças. A adrenalina me mantém viva. Saber que estou por um fio é um pouco reconfortante, porque se eu conseguir, o mérito é meu. Eu consegui, by myself. Se não, a culpa é minha. As consequências são minhas. Foda-se o que pensam: o problema é exclusivamente meu.
Saio pra almoçar com algum dinheiro e nenhuma animação. E aí a solidão bate. Eu me vejo escolhendo entre rabiscar algo em uma folha de rascunho ou fingir que sei mexer direito nesse computador novo. Não sei, não quero; prefiro meu velho caderno preto de capa dura. Mas o que eu realmente preferiria seria não ter sobre o que escrever. Não ser a rainha do drama em cada linha que escrevo. 
O almoço não está dos melhores. Mas o que eu queria? Caviar? Aliás, nunca comi caviar. Não sei que gosto tem e nem se se come no almoço, no lanche ou naqueles jantares em que todo mundo finge que é alguma coisa. O sol está intenso, nos últimos dias e desde o começo da primavera não tem sido diferente. Todo mundo fervendo. De calor. De tensão. Ainda assim, parece inverno. Outono, quero dizer. Inverno é uma estação linda e eu sempre estou com pessoas de que gosto. Outono é aquela coisa bonita, mas melancólica, triste. No outono todo o nós e o eles parece se tornar um eu nostálgico e sem graça. É esse negócio de mudança de clima, acho. 
Queria caminhar no parque, mas os "pacotinhos" que por ali circulam me proíbem. Quer dizer, a minha mãe é quem me proíbe; e dessa vez eu obedeço, porque, bem, faço muita coisa errada, mas me drogar não está na lista. Por exemplo? Estar aqui, escrevendo isso com cara de poucos amigos em um lugar lotado. Eu deveria estar estudando química. Ou física. Ou tentando entender porque até todo o conteúdo da recuperação é tão chato e ainda assim parece mais interessante - e mais fácil de resolver - do que os meus casinhos contraditórios e a minha relação conturbada com essas coisas esquisitas que são os humanos - os outros, os diferentes. Ou seria eu a anormal da história?
Tento voltar pra casa pensando na alegria que janeiro pode reservar pra mim. Talvez, afinal, eu consiga me sair bem com as exatas e saiba exatamente como mudar o que tenho feito de errado. Mas talvez eu não deva mudar, mesmo que saiba como.
Em casa. De alguma maneira, mesmo com todas as portas e janelas de vidro, aqui parece bem mais escuro do que no lugar fechado em que eu estava. Tem razão, nada mudou. Eu ainda sinto falta.


Eu deveria ter nascido em abril, não em setembro. Outono, não primavera.

25 de dezembro de 2009

A última ceia

24 de dezembro de 2009

Espírito natalino mode OFF

Primeiro pensamento do dia: bom dia, reninhas do papai noel. Como estão os chifres esse ano?


Essa noite promete... Promete ser uma merda. E eis que Deus criou o tédio, e bem na véspera do aniversário do seu filho. Mas que canastrão... 
Se você é uma pessoa saltitante, cheia de Jesus no coração e esperanças, pode parar por aqui. Não que eu não seja saltitante. Ontem mesmo passei horas quicando quando soube que tinha passado em química e física. Jesus é um cara legal, sabe. Na minha opinião ele é foda por ter defendido uma mulher quando a chamaram de puta. Hoje em dia qualquer um chamaria ela de puta também e ainda dizia que tinha, enfim... ajudado na fama da coitada. Mas o negócio são as esperanças inexistentes. Nem no momento mais alegre da minha vida eu sou otimista. Claro, pra mim. Pra você eu digo que tudo vai ficar bem, tudo é lindo, tudo é colorido. Mas a vida é way much Evanescence do que banda Cine, believe me
Bom, o negócio é que hoje, primeiro dia de férias e véspera de natal, deveria ser um dia lindo. Deveria estar chovendo eu acordaria ao som de Vivendo do Ócio ou Rock Rocket... Mas não. Tá, o clima cooperou. Tá mega frio ultimamente aqui e eu tô amando. Mas nada de rock brazuca de qualidade pra mim, não: o primeiro som que escutei ao acordar foi o clique-clique daqueles jogos de corrida e as primeiras palavras que pronunciei foram "Giovanni, baixa a merda da televisão AGORA, deixa eu dormir". Mesmo assim, eu amo um pouco o meu irmão e fui ver a tal peça que ele ia apresentar hoje num hotel. (Vida social, CADÊ VOCÊ? Eu me ausento por uns dias e tudo o que me resta são criancinhas vestidas de anjo e cânticos natalinos?) Respeitei porque o Giba ainda tá naquela idade "Garotas são nojentas e eu quero uma bicicleta de natal", mas fala sério. O único Noel que eu queria que me visitasse hoje à noite era o vocalista do Rock Rocket. Esse SIM seria um milagre de Natal dos bons! 24 de dezembro de noite é a hora de todo mundo fica feliz porque Jesus nasceu... Hmmm, NOT! A maioria comemora é o fato de poder encher a cara de vinho e ninguém recriminar porque todo mundo tá meio bêbado mesmo. Os criadores de perus viram Hitler e matam todos seus bichinhos. E no final, o gosto deles nem é tão bom.


Desculpem a falta de açúcar hoje. Acho que vocês meio que se acostumaram né? Beatriz sem reclamar não é Beatriz. Se achar o meu espírito natalino, dá follow nele.
- E o prêmio de natal mais sem graça de 2009 vai para... MIM! Oh, obrigada, muito obrigada. Agora passa esse vinho!

18 de dezembro de 2009

Recuperação x Blog

A última postagem foi sobre o tempo. Essa é sobre a minha atual falta de tempo. A fonte tá assim, pequenininha e chata de ler, porque só lê quem realmente... bom, lê o blog pra valer. Rá. Alguns dias fora e desaprendo a escrever sem repetir as mesmas palavras quinze vezes em uma frase.

Colégio $)@$#@#*! Recuperação renova a alma. É uma coisa... Imagine ver tudo o que você mais odeia e que deveria ter visto durante 12 meses em uma semana. É, delícia. Os únicos textos que tenho postado são os do Blorkutando (e ainda assim, com algum aperreio de última hora como esse último), mas podem acreditar, tem muito mais acontecendo. Fiz o ENEM, fui pra um show memóravel e sobre relacionamentos... Bom, há sempre o que reclamar, né? Amizade e amor nunca me deixam sem pauta praqui. Em breve, eu conto tudo.
Ausente e meio porque a química me consome mais do que o computador - ou pelo menos, deveria.



PS: Obrigada todo mundo que passa aqui e faz com que eu me sinta um pouco útil :) E obrigadééérrima ao Blorkutando, semana passada meu texto ficou em 1º lugar! O que quer dizer que química talvez não seja tão importante, afinal de contas.

Sobre relógios e tesouras


 Uns dizem que a cura para dor-de-cotovelo é um novo amor, uns dizem que o melhor remédio é rir, ou que fazer compras e cortar o cabelo de um jeito esquisito diferente deixam qualquer um repaginado. Na minha opinião, tudo depende do paciente. Tá, um novo amor pode te deixar meio fora de órbita, rir provoca sensações divinas (ainda mais quando não se está rindo sozinho) e fazer compras é o paraíso - pelo menos até que a conta do cartão de crédito chegue -, mas o negócio é que tudo isso vai passar. O novo amor, ainda que perdure, não será mais uma novidade, os sorrisos não surgirão mais com tanta facilidade e se você for demitido (ou seus pais resolverem que aulas particulares de matemática são mais importantes que novos pares de sapatos), pode dar adeuzinho ao não mais seu scarpin vermelho. A verdade é que, a única coisa que pode realmente acabar com o seu problema - ou pelo menos amenizá-lo - é o tique-taque do relógio. O tempo, mesmo que não seja a solução, é a maior distração que se pode encontrar em qualquer situação. Desloca a dor de agora para antes, traz novas dores, novos amores, novas badaladas... Passou. Por mais que abraços de avó e uma aparência bonita nos confortem, as mãos da sua vó pouco podem fazer pelas brigas que você teve com alguém que ama, e um cabelo legal normalmente não ajuda muito em seu (péssimo) desempenho escolar. Há coisas (e palavras) que apenas vêm fazer com que você implore pelo próximo minuto: o "acabou", o "não deu certo", o "sinto muito, não temos vaga". Em certos vários momentos da vida, não importa o quanto você tem ou o quanto você pode fazer. Importa saber aceitar, sentar, tomar um café e colocar um CD de blues enquanto a dor se dissipa. Quando for conveniente para o destino, ele fará o disco arranhar e a bebida esfriar, e daí, num pulo, você levanta e pensa Ei, é isso aí. Está tudo como deveria estar. Eu sabia que tudo ficaria bem!.
É claro que você não sabia. É claro que você poderia não ter ficado bem, afinal, é a vida, não um musical ruim dos anos 80. Nem todo mundo vive cantando, dançando e amando. A vida é quase um filme noir - tão bom que chega a ser um saco. Mas se nada der certo, eu sempre terei os discos antigos dos tempos de boêmio do meu avô. E a voz mansa da minha avó falando baixinho pra que eu não acordasse de um sono fingido, "É uma boa menina, a Ana Beatriz. Espero que ela saiba quebrar a cara, porque, minha filha, quebrar a cara é o mais importante". Sim, é. Espero que eu saiba exatamente o que fazer. E se não souber no momento, um dia eu saberei como agir. Ou como esperar. Às vezes a única coisa útil a se fazer é notar como os ponteiros do relógio se movem devagar, mas, por incrível que pareça, o tempo passa rápido. Nem sempre, mas o tempo todo. E é claro que em todos os cantos dessa cidade eu também acharei um um salão de beleza. Porque, afinal de contas, o tempo nos conforta. 
Mas não tão rápido quanto uma tesoura ou uma tintura de cabelo Vermelho Nuclear.

10 de dezembro de 2009

Até que a vida os separe

Um dos motivos pelos quais eu não penso em casar é porque não me preocupo com o bem-estar do outro. Sou orgulhosa, teimosa, nada matinal e preciso de ao menos uma hora diária sozinha com meus papeis, livros e artistas favoritos para não enlouquecer. Seria um tormento para alguém conviver comigo todos os dias e ainda ter que me amar, me levar pra jantar vez ou outra, me encher de mimos e tentar - sem muito sucesso - não olhar pras pernas daquelazinha que acabou de passar. Por outro lado, sempre gostei de comédias românticas, e, ao ver as besteirinhas amorosas que meus amigos (alguns deles não são tão cachorros) "aprontam" para suas namoradas, não resisto: faço cara de retardada e grito um OWN! daqueles bem de mulherzinha mesmo. Então por que, toda vez que escuto que alguém vai se casar, faço uma cara de descrença e solto uma risadinha sarcástica do tipo Ah, boa sorte com isso!?

Uma filosofia barata diz que a gente tem o relacionamento do pai como reflexo nos relacionamentos amorosos durante toda a vida. Isso não me incentiva muito. Meu pai nunca foi um marido digno de nota, e como pai... Bem, pode-se dizer que ele não foi o mais dedicado, também. (Obrigada, mãe! A única coisa que eu herdei de você foi a capacidade cega de acreditar no amor em um mundo onde os homens praticamente imploram pra que não acreditemos. Não o cabelo liso. Nem o desempenho incrível no colégio.) Voltando ao meu pai: ele era meio que... um canalha. Ele, e talvez o pai dele, e o pai do pai dele, e o motorista de táxi que me trouxe em casa hoje e Pedro Álvares Cabral, que ao chegar ao Brasil achou muito divertido poder traçar todas aquelas indiazinhas e ainda ter uma senhora europeia caso quisesse casa, comida e roupa lavada. 
Tá, sem generalizar. Conheço uns poucos garotos incríveis e alguns casamentos duradouros, daqueles em que os velhinhos andam de mãos dadas até pra ir na padaria. (Vamos lá, comigo: OWWWN!) Mas, não consigo parar de pensar: será que os casamentos de hoje em dia tem potencial pra isso? Com toda a solidão que paira em nossas cabeças diariamente, não sei se as pessoas estão prontas para se amarrar a uma pessoa só. Queremos alguém divertido, mas também que se preocupe. Que nos faça rir, mas também que nos acalme quando estivermos chorando. Às vezes não se pode achar tudo isso em uma pessoa só, e as pessoas tentam conciliar isso... ficando com duas pessoas! Se você achou tudo isso em um só alguém - ou não é tão exigente assim, e o amor é verdadeiro, e não seja por pura conveniência, parabéns! Casa aí, acho lindo, juro. 
Nos dias de hoje, se você se atrasa um pouco nas notícias, acaba nem sabendo do casamento do fulano. É, ele casou, mas já se separou da cicrana, e está noivo da beltrana! Ou pior: enquanto está com a cicrana, há uma quantidade imensa de beltranas bem ali, ao alcance de sua agenda telefônica. As pessoas traem porque não amam? Certo, então a pergunta é: se não amam, por que estão juntos? Porque é conveniente, porque a beltrana não se importa de ser mais uma. O amor se tornou banal assim como sexo se tornou banal, e para as pessoas que não sabem diferenciá-los, é pior ainda: uma noite vira um casamento, que no final, acaba sendo mais um divórcio (e mais um advogado rico, convenhamos). Esses seriados que me divertem em tardes modorrentas e em noites frias com brigadeiro e cobertor, e a novela das 8, e o filme da sessão da tarde (tirando aquele do cachorrinho, e o do macaco, e é claro, A Lagoa Azul) mostram que trair é normal, é comum, que casamento é uma coisa que Ah, se não der certo, a gente separa. Se não é pra toda a vida, então não diz que vai ser pra toda vida, oras. Junta os trapos, mora junto. Ou então casa, que seja! Mas por favor, se não der certo, não vá correr pra baixo da saia (ou do vestido branco estufado, nesse caso) da primeira que aparecer.


Pode ser que daqui a alguns anos vocês escutem que eu casei, e me separei, sei lá, uma semana depois. Estou acostumada a morder a língua para um monte de coisas. Pórem, se meu pensamento continuar do jeito que está, acabarei, no máximo, juntando as escovas de dente. E talvez alguns discos antigos. Por enquanto, se, um dia, me embolarem num vestido branco caríssimo alugado, ao escutar alguém dizer "Ana Beatriz, você aceita...", se no lugar das reticências, não vier "trabalhar como editora na Vogue?", "excluir física do seu currículo escolar?" ou "mais um pedaço de chocolate?", a resposta é não, obrigada. E aposto que assim que estiver fugindo da igreja com meu vestido gigantesco, vou escutar meu noivo pedindo o anel de volta e o padre gritando "A próxima!".